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#VocêSeLembra? “O Marajá” a novela proibida da “Manchete”

Foto: reprodução/ internet

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Na coluna de hoje vamos falar de uma novela brasileira que foi censurada e nunca exibida.

“O Marajá”

Foto: reprodução/ internet

“O Marajá” misturava jornalismo com teledramaturgia, com críticas diretas ao ex-presidente Fernando Collor e aos escândalos do esquema de corrupção envolvendo PC Farias, tesoureiro de sua campanha. Na história, Collor era Elle, interpretado por um sósia, o ator Hélcio Magalhães, que havia feito o papel do presidente um uma passeata a favor do impeachment, organizada por estudantes da UNE, em São Paulo.

Um narrador, interpretado por Luiz Armando Queiroz, e uma fofoqueira vivida por Ângela Leal costuravam realidade e ficção. Por um lado, soa ousado, por outro, fica evidente a precariedade da produção. “A fofoqueira narrava aquilo que não podia ser gravado por falta de recursos”, conta o diretor e consultor de TV Márcio Tavolari, que foi um dos roteiristas da sinopse de “O Marajá”. “O uso de só uma câmera também tem a ver com isso. Não havia equipamento, e eram poucos os profissionais para gravar e editar. Não era uma questão de linguagem, mas de necessidade.”

Apesar disso, “O Marajá” era a esperança de recuperação da emissora e foi traumática a notícia de que Collor havia conseguido uma liminar para impedir sua exibição. A informação chegou durante a festa de lançamento da novela, na sede da TV, no Rio, pouco antes do horário marcado para a estreia, às 21h30 de 26 de julho de 1993.

Tavolari conta que um oficial de Justiça e policiais federais entraram na emissora exigindo as fitas da novela e outros materiais relacionados à produção. “Coube a mim avisar o Marcos Schechtmann [diretor da novela]. Os policiais pegaram as fitas que estavam para ser exibidas, e foi uma correria para esconder as cópias”, disse a esta repórter. “Eu saí juntando páginas do roteiro, mas um policial percebeu e ordenou que eu entregasse tudo. Recusei e levei dele um tapa na cara”, ele relembra. “Foi uma violência.”

Cerca de 30 capítulos estavam gravados, e a emissora tentou reverter a liminar durante três meses para poder exibir a novela. Mas a liberação só viria em 1994, levando Bloch a desistir da exibição por medo de novas represálias e por considerar que já havia passado o momento propício para levar ao ar aquela temática.

Uma nova novela foi gravada às pressas, com a mesma equipe de produção e o mesmo elenco, inclusive o sósia de Collor, que pintou o cabelo de ruivo e deixou a barba crescer para se diferenciar do ex-presidente. Menos de cinco meses depois, estreou “Guerra Sem Fim”. Proibição de uma novela na íntegra só havia ocorrido na ditadura militar, nesse caso pela censura do Estado. Em 1975, “Roque Santeiro”, da Globo, foi a primeira telenovela inteiramente vetada da história do país, que só seria liberada após a saída dos militares. Em 1976, veto semelhante se deu com “Despedida de Casado”.

Após o fim da ditadura, a teledramaturgia seguiria sofrendo cortes parciais determinados pelo Estado, como foi o caso da versão de 1985 de “Roque Santeiro”. A Constituição de 1988 determinou o fim da censura governamental, mas a proibição a “O Marajá”, em 1993, evidenciava outros tentáculos do cerceamento à liberdade de expressão, como o sufocamento econômico e o poder judiciário no papel de censores.

Conta pro Estreia na TV se vocês desejam a exibição da novela em algum canal!

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