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Em agosto, os clientes de uma filial da drogaria Soares, no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, conheceram um novo “atendente”. O robô BD Rowa é capaz de selecionar o medicamento correto no estoque, poupando o trabalho braçal do farmacêutico e liberando-o para um atendimento mais humano, entendendo melhor o freguês.
O robô também controla recebimento, armazenamento, data de validade e descarte dos medicamentos. Modelos similares já estão funcionando também no Rio de Janeiro e Manaus, onde já se detectou diminuição no tempo de espera do atendimento.
A entrega do produto nas mãos do consumidor é só a etapa final da chamada “cadeia de suprimento”. Ela começa lá atrás, desde a captação da matéria-prima para o produto, até sua fabricação, transporte, estoque – uma jornada que novas tecnologias estão ajudando a deixar mais eficiente, responsável e sustentável.
“A tecnologia sempre contribuiu para a otimização da cadeia de suprimentos, mas com as ferramentas digitais, essa dimensão vem se ampliando”, diz Alberto Luiz Albertin, coordenador do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada (FGVcia). “Elas podem ser utilizadas para melhorar a governança, garantir a sustentabilidade e facilitar a inclusão de pessoas que não fariam parte desse ciclo naturalmente – todas as peças fundamentais do ESG.”
ESG é uma nova tendência em estratégia de gestão empresarial que privilegia o cuidado eo respeito em três pilares: Ambiente (“environment”, em inglês), Social e Governança (“governance”).
“Na indústria 4.0, robôs algoritmos analisam dados e norteiam a cadeia de suprimentos a produzir exatamente o que é preciso e da forma como é preciso, algo que tem um grande impacto no ESG”, Heliézer Viana, acting partner e diretor de tecnologia da informação da Mazars, empresa especializada em auditoria, consultoria e terceirização de processos.
Economia no setor elétrico
Entre os recursos mais importantes nessa tendência estão as ferramentas de inteligência analítica. “Como elas facilitam a visualização das informações, os gestores sabem como a cadeia está em termos de água, resíduos, emissões, diversidade”, diz Matthew Govier, managing director da consultoria Accenture. “É possível até avaliar se os fornecedores respeitam direitos humanos, transparência em governança e ética.”
Para Govier, a análise de Big Data (grandes quantidades de dados) e o armazenamento dessas informações em nuvem se tornaram essenciais “para trazer dados e insights rápidos que reduzam emissões e tragam diversos outros benefícios de ESG.”
O robô da farmácia está longe de ser exceção. A Amazon, por exemplo, já conta com Proteus, seu primeiro robô 100% autônomo a trabalhar em seus armazéns.são potencializados por outra tendência: a IoT (sigla em inglês para “internet das coisas”).
No setor fabril, máquinas das linhas de produção incluem componentes eletrônicos e softwares que capturam em tempo real tanto dados sobre seu comportamento quanto sobre o que é produzido – e, com o recém-chegado padrão de tecnologia 5G para redes móveis e de banda larga, se tornaram ainda mais eficientes.
“Esses sensores permitem, por exemplo, o monitoramento de emissões de gases de efeito estufa e de eficiência energética”, explica Govier, da Accenture.
A Neoenergia, que atua no setor elétrico em 18 estados brasileiros, conta com um sensor em sua rede que já evitou a perda de quase 140 GWh (gigawatts por hora) desde 2018. Mais de 17 mil inspeções e 400 obras foram realizadas com utilização da tecnologia.
“A redução de perdas é um desafio para as distribuidoras e gera benefícios para toda a sociedade”, diz o gerente de P&D da Neoenergia, José Antonio Brito.
Blockchain contra a burocracia
Outra maneira de evitar desperdícios é a inteligência artificial. “Com IA, é possível parametrizar corretamente máquinas para garantir melhor consumo de energia e monitorá-las para prever falhas e intervir antes de uma parada definitiva”, acrescenta Flavio Barreiros, managing director de supply chain e operations da Accenture.
É o caso dos institutos SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), que passaram a aplicar uma “manutenção preditiva inteligente”. Uma IA com base em aprendizado de máquina (machine learning) analisa algoritmos de performance de equipamentos para reconhecer, antecipadamente, sinais de que eles não estão funcionando dentro do padrão.
Mas e quando o problema é a burocracia? A solução pode ser o blockchain, uma espécie de banco de dados avançado e descentralizado. Na prática, ele pode simplificar o rastreamento e a verificação de qualquer informação na cadeia, facilitando uma economia mais circular, com mais segurança sobre a origem do que é comprado, da matéria-prima ao transporte.
E, se antigamente uma indústria precisava desenvolver um protótipo muito parecido com um produto final para realizar simulados em laboratório, hoje basta criar um gêmeo digital. Essa tecnologia também pode ser usada para replicar processos e mudanças na cadeia de suprimentos e reduzir perdas e desperdícios que ferem o meio ambiente.
Mais fácil, mais barata e mais acessível
Engana-se quem imagina que a tecnologia necessária para criar esse cenário futurístico de fábricas, sistema de transporte e redes de armazenamento automatizadas envolva custos exorbitantes e se limite a poucos profissionais.
“Nunca tivemos tanto acesso à tecnologia como hoje. Tanto em preço quanto em disponibilidade e facilidade de uso. E a promessa de quase todas elas é de barateamento”, afirma Albertin, do FGVcia.
“Blockchain, por exemplo, já apresenta ofertas muito acessíveis. O 5G tende a se tornar mais em conta porque permite que as empresas façam suas próprias redes”, avalia.
“Se antigamente essa tecnologia era quase que exclusiva para especialistas que trabalhavam com raciocínio lógico e matemático, restrita a esse grupo mesmo na realização de operações do dia a dia, hoje ela é simples a ponto de permitir que cada vez mais pessoas façam parte desse mundo novo”, diz Viana, da Mazars.
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