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Será que encontramos a última peça do quebra-cabeça para criar vida fora da Terra? Um trabalho recente publicado no periódico da Academia Nacional de Ciências norte-americana discute a possibilidade de haver fósforo em Encélado, uma das luas do planeta Saturno, o que abre portas interessantes nessa direção.
Em Astrobiologia, usamos a sigla CHNOPS para indicar os seis elementos mais comuns na vida na Terra: carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre (usando os nomes dos elementos em inglês). É como aqueles ingredientes da receita de bolo sem os quais não há bolo.
Encélado, por outro lado, é um dos corpos mais interessantes do Sistema Solar. Embora não seja particularmente grande, é coberto por gelo, com jatos de água saindo de sua superfície.
Na última década, várias observações indicaram a presença de um oceano de 10 km de profundidade escondido sob a camada de gelo que cobre o corpo, o que representa um dos ambientes mais promissores fora da Terra para o desenvolvimento da vida.
Depois da água, precisamos buscar os tais ingredientes do bolo — e a lista de compras estava quase completa, com detecções de todos os elementos CHNOPS com exceção do fósforo.
Infelizmente, essa detecção ainda não aconteceu. Mas o trabalho de Jihua Hao, da Universidade Stanford, e seus colaboradores indica que a existência do fósforo em Encélado é provável.
Os cientistas usaram modelos termodinâmicos que simulam a geoquímica da lua. Segundo suas estimativas, o oceano de Encélado provavelmente contém mais fósforo até que os mares da Terra, provendo uma excelente sopa primordial para que a vida possa se desenvolver ali.
Especulações sobre vida em Encélado não são recentes. No ano passado, um trabalho de cientistas da Universidade do Arizona e da Universidade Paris Science & Lettres mostrou alta concentração de metano nos jatos de água, o que poderia ser explicado pela presença de processos orgânicos.
Lembrem-se, não estamos falando aqui de criaturinhas verdes inteligentes, mas possivelmente microrganismos como bactérias. O que já seria uma descoberta e tanto, claro, mas que ainda assim estão longe de uma comprovação.
Como dizia Carl Sagan, alegações extraordinárias exigem evidências extraordinárias.
Se é de evidências que precisamos, já existem planos para consegui-las.
A Nasa tem um projeto chamado Orbilander, que aterrissaria na superfície de Encélado para buscar sinais mais diretos da presença de vida. Ainda que não encontre, seria interessantíssimo entender melhor como os oceanos e a crosta de gelo se formaram.
A missão tem o aval da comunidade científica, mas ainda está em fase de estudos preliminares. Caso aprovada, chegaria lá apenas na década de 2050. Poderíamos dizer também que evidências extraordinárias exigem planejamento extraordinário.
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UOL