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Quem diria que, no horizonte atrás da Mona Lisa, há um balão? Nem Leonardo da Vinci contou essa: foi invenção de uma inteligência artificial, que recriou o cenário do quadro para que estes colunistas pudessem “entrar” na pintura.
A brincadeira está disponível para qualquer um no Instagram. Trata-se de um filtro grátis que pode ser aplicado sobre obras de arte. Ele cria um conjunto de paredes virtuais que devem ser posicionadas no ambiente.
Pedro teve alguma dificuldade na casa (pequena) para encontrar um espaço adequado para a “instalação”. Como o pé-direito da sala é mais alto que as paredes, o resultado não ficou completamente imersivo, mas o realismo impressiona.
Quando tudo está pronto, você pode andar pelo cenário (na sua casa) usando o celular como uma espécie de “portal” que revela um outro mundo.
Por enquanto, esta “realidade aumentada” corresponde a três quadros que até nós, pouco afeitos ao mundo artístico, conhecíamos. Além de Mona Lisa, a lista inclui Moça com Brinco de Pérolas (de Johanees Vermeer) e O Filho do Homem (de René Magritte).
O rosto escondido pela maçã
A novidade, apresentada pela diretora de vídeos Karen X Cheng, de San Francisco (EUA), consiste em revelar mundos escondidos que poderiam mesmo estar atrás dessas figuras.
À medida em que você, lentamente, se aproxima de cada pintura, percebe que quando está prestes a “bater” com o celular no quadro, há, na verdade, um acesso para “dentro da pintura”.
Ao lado da Moça com Brinco de Pérola, de Johannes Vermeer, uma cozinha se mostra cheia de estantes com potes de cerâmica. No espaço em que costumamos ver o sujeito de terno e chapéu criado por René Magritte, há outros homens com o rosto também coberto pela icônica maçã verde (se você se aproximar ainda mais, consegue contornar a fruta e finalmente descobrir o rosto do personagem).
Tudo é feito com o apoio da máquina conhecida como Dall-E, uma inteligência artificial cujas possibilidades Cheng busca explorar.
Não é a primeira experiência de Karen, que já colocou uma câmera numa linha de pesca e a lançou do alto de uma ponte onde drones são vetados, para simular imagens em movimento e do alto.
Ela também conversou com Mark Zuckerberg no lançamento da plataforma Horizon Workroom e mostrou ao ator Will Smith (antes do tapa, certamente) certos truques para obter imagens fora de série.
Dall-E é o novo Dali?
O primeiro Dall-E surgiu em janeiro de 2021. É um produto da OpenAI —uma organização que tem Elon Musk e a Microsoft entre seus investidores. O Dall-E 2, lançado um ano depois do primeiro, gera imagens mais realistas e precisas e tem uma resolução quatro vezes maior.
Karen juntou essa tecnologia com o suporte recente a filtros em realidade aumentada, uma das novas apostas do Instagram.
Sua criação é apenas uma demonstração, mas mostra o potencial ainda inexplorado dessas ferramentas. É assumidamente inspirado no Art Plungee, um aplicativo VR disponível para Quest e SteamVR com premissa semelhante.
Paulo acha um exagero classificar isso de um “museu em casa”, mas reconhece que já tinha imaginado o que haveria por trás da sorridente e misteriosa moça pintada por Leonardo da Vinci.
Pedro acredita que essa pode ser uma forma incrível de democratizar o acesso a esses espaços tão elitizados e lembra das viagens que fez com Núcleo de Estudos Museológicos, quando estudava História, visitando pequenos “museus em casa” em cidades pelo interior de Santa Catarina.
Fogo na Amazônia, segundo Picasso
A aposta na convergência entre realidade virtual e realidade aumentada começa a mostrar frutos, e a mesma experiência que é acessada pela tela de um celular hoje pode ser adaptada para uma visão imersiva para quem tiver um óculos ou dispositivo semelhante.
Isso deve aumentar a popularidade de ambas as tecnologias e fazer a transição do “mundo real” para o “mundo virtual” ser mais leve e integrada.
Some-se a isso essas novas inteligências capazes de gerar imagens complexas, únicas e realistas em segundos, e fica claro que estamos apenas no começo.
Há algumas semanas, apareceu o Stable Diffusion, um gerador de imagens de código aberto que permite fazer um retrato de qualquer artista pop como se fosse uma obra de Van Gogh, ou criar um complexo mundo alienígena que mais parece cenário de ficção científica.
Paulo usou o Nightcafé, um dos vários sites que implementam o algoritmo e dão acesso a ferramenta de maneira simplificada.
A brincadeira custa créditos, e estes custam dólares de verdade, mas a plataforma lhe oferece alguns créditos de brinde.
Com eles, Paulo criou um quadro a partir da expressão Amazon Fire. Escolheu o cubismo como estilo. O resultado segue abaixo. Paulo não achou ruim…
O modelo de negócios do Stable Diffusion ainda não está claro, mas seus criadores esperam fechar negócios com governos e instituições para vender a tecnologia.
“Uma palavra vale mais que mil fotos”
No caso do Dall-E 2, há um milhão de pessoas na fila para se tornarem assinantes. Muitos deles sonham em vender as imagens criadas dessa maneira, como faz o fundador do Linkedin e empresário de tecnologia Reid Hoffman.
Ele lançou uma série de NFTs chamadas Palavras Intraduziveis. Só uma das pinturas oferecidas assim (o NFT é uma espécie de certidão de exclusividade para obras digitais) alcançou o equivalente a US$ 24 mil.
No seu Twitter, Hoffman ainda fez trocadilho com o resultado:
“Uma imagem vale mais que mil palavras. Mas com Dall-E o inverso é verdadeiro: uma única palavra vale mais que mil fotos.”
O Dall-E 2 já foi usado para produzir capas de revistas, videoclipes para crianças com câncer e a realização de ideias criativas de mais de três mil artistas de 118 países desde seu lançamento. São dramaturgos, roteiristas, paisagistas, tatuadores, figurinistas e até criadores de realidade aumentada.
Tudo isso pode parecer futurismo, mas é sempre bom lembrar a reação do dono da Kodak em 1975, diante de uma invenção apresentada por um jovem engenheiro de 24 anos chamado Steven Sasson, que trabalhava na empresa.
Sasson diria mais tarde ao New York Times que seus patrões achavam impossível que alguém quisesse ver uma foto na tela de uma TV, quando as imagens impressas já existiam há mais de cem anos e nem eram tão caras.
Deu no que deu.
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